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O Autômato

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O autômato acorda cedo. É metódico. Registra todo o conhecimento, sem questionar o pensamento. Refuta qualquer aproximação que possa desvirtuá-lo. Há um objetivo a ser trilhado: se manter no trilho.

O autômato vence fases. O jogo é subir de pavimento. De provimento que possa retroalimentá-lo. Escreve teses para outros autômatos, que marcharão perfeitamente alinhados. Automaticamente, repetem: “Esta é a cadeia do pensamento”.

O autômato se insere em qualquer meio burocrático. É corporativo e sistemático. A emoção é só um comprimido. E, depois, quem sabe, um apartamento.

O autômato não ri. O riso é sinal de fraqueza. Quando lhe escapa além do comedido, vai à oficina que repara as mentes. Aos dentes, um só direito: se encaixar aos de outras engrenagens.

O autômato é proficiente. Seduz e copula à exaustão. Pensarão: “É quente”! Quanta ingenuidade… Só o faz pela espécie.

O autômato encerra o dia: tem, pra si, que foi suficiente. E se desliga no interruptor mais próximo.

Sobre Jarbas Siebiger

Saga: porto-alegrense. Carma: aquariano. Cor: colorado.

2 comentários em “O Autômato

  1. Muitíssimo sagaz.

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