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Cantiga de poucos verbos para tanto amanhã

Alexander S. Kunzvou
talvez volte amanhã
mas não me esperes

se os dias voltarem
volto amanhã
quiçá depois de amanhã

mas não me esperes

há uma esquina em cada lua
um novo estio em cada dobra da retina
há um horizonte de amanhãs a me secar

hoje só parto
amanhã não sei
talvez eu volte
não me esperes
– não precisa –

só não me esqueças amanhã de manhã
pois bem não sei
se tornarei
se eu haverei
amanhã
de manhã
ou depois

e se amanhã houver
lembra-te de alguma palavra minha
se no amanhã
eu não estiver

e voltarei

(Celso Mendes)

Fotografia de Alexander S. Kunz

Sobre Celso Mendes

escritor? não. alguém que quer ver a palavra emergir a apontar imprevisíveis direções. deixá-la crua ou temperá-la, pouco importa a receita ou o formato, importa ver aonde aponta e onde toca. e ser por ela tocado.

10 comentários em “Cantiga de poucos verbos para tanto amanhã

  1. Uma belezura…
    🙂

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  2. Belo, verdadeiro e perfeito. Como eu gosto de teus poemas! Bom demais ler-te! Beijos

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  3. Belo, verdadeiro, perfeito. Beijos

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  4. Agradecendo aqui a acolhida do texto e os comentários elogiosos dos amigos. Muito obrigado a todos!

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  5. Despedida. Tava lembrando aquela dos engenheiros “se eu fosse embora agora, será que você entenderia…”

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  6. Bonito e tocante.

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  7. Este poema conversa com o Adiamento de Fernando Pessoa. Lírico e belo.

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  8. Tão belo o navegar na emoção do poema perfeito.

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  9. Perfeito amigo…De uma sensibilidade, que mexe na alma.Aplausos!

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  10. A lágrima veio fácil. Li, reli e senti cada linha.

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