Há uma dor aqui.
Tem raízes e dentes
e garras e veneno
mas não tem nome
Camaleoa parece
que some, mas
é questão de cor
de rima pobre e
de quantos cobres
no bolso
Tem dor o canto
a articulação rangente
a coluna retorcida
e nenhuma é a tal.
O que não tem nome não se pronuncia.
Fica nos silêncios.
Nos banais recônditos
e noutros clichês
nos quais se apoia
o drama
Fato é que há.
Tem raízes e dentes
e garras e veneno
e de vez em quando dorme
permitindo o esperneio
para manejo do instinto.
Lástima saber
quando o devaneio
é um placebo e não há remédio
nem lâmina que valha o corte
de dor que estraçalha num susto.
Resta a parcimoniosa cooperação
na ração diária de melancolia
com acomodação nos recônditos
silenciosos do drama secreto — limbo —
fazedor de mártires sem ato louvável
Há um só decreto que a desempodera:
Permanecer inominável.
Bela poesia. Daquelas que faz leitura das vísceras. Eu não diria inominável, mas inimaginável.
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