espere pela volta das borboletas na poeira do tempo
espere por aquele olhar a se projetar entre estilhaços de angústia
espere pela nuvem de gafanhotos-devoradores-de-horizonte
mas não vá, fique um pouco mais, ainda há muito o que esperar
e não me deixe plantado neste inferno cor-de-rosa sem um porquê
eu bem que queria lhe dizer que a lágrima não se mostra
por puro orgulho
eu bem queria lhe mostrar
esta jugular que pulsa no aguardo de uma nova mordida
o que se esconde neste brilho que já não há
e revelar onde a lua se ocultou e dormem as estrelas
fique um pouco mais
só um pouco mais
sinta o som do mar
sinta o som
o som do mar
e o som
do sol
e o sol
no mar
fique um pouco mais
queime comigo nossas verdades douradas e as mentiras azuis
não minta mais para o azul
ou para o vermelho
espalhe algumas verdades transparentes sobre a mesa
diga para mim desta ferida
daquela esperança forjada em frases insolúveis
do impossível e do improvável que já vivemos
que eu prometo
que eu lhe juro
pela divina providência dos semideuses
estancar este corte que vaza minhas vísceras
e partir
(Celso Mendes)
Belo e oportuno.
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Massa! Tem força poética.
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Adorei.
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A arte de tua palavra esculpe as imagens com uma força e beleza singulares. Ler-te é um privilégio. Beijos
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Transbordam emoções contraditórias nas vísceras do poeta. E dessa contradição, deste jogo de claro e escuro, a poesia intensa se constrói. Poesia que invade como um golpe profundo no baixo-ventre.
Abração do Ricardo Mainieri
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Este é um antigo poema, lá do tempo do BDE (Bar do Escritor), antiga comunidade do falecido Orkut que tanto me influenciou no início da minha tardia iniciação como aprendiz de poeta. Para relembrar e rever antigas inspirações.
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