Eis o chão conhecido,
a porta de casa,
a chave certa,
as duas voltas completas
e o movimento subsequente
de abertura da maçaneta.
Há ruídos previsíveis;
o aroma do jantar;
o conforto cognitivo do cotidiano;
dos hábitos mecânicos,
repetitivos.
Chove. É noite. Passa das sete…!
Porém faz o tempo
inerente aos vestíbulos,
alheio às variações do clima,
aos horários do relógio de pulso.
Ou então suspenso, detectável,
há um outro momento absurdo,
apenso à contracapa,
de tocaia à hora marcada:
– o provisório entretempos
eternizado nas antessalas.
Enfim esta pequena pausa palatável antevista,
o intermédio das rotinas;
na linguagem gasta de passos sobre o piso xadrez:
a soleira de mármore;
nos batentes de peroba-rosa;
ponto-e-vírgulas do fraseado diário;
além, é claro,
da antiga chapeleira!
Este poema tem cheiro, tem cor, tem vida, e me resgatou lembranças. Inclusive de uma antiga chapeleira.
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